Malditas baratas!
Minha mãe corria atrás delas, girando a vassoura de um lado para o outro, atacando-as sem obter sucesso. Sempre era assim, sempre algo a incomodava: poeira, mosquitos, o vizinho... e agora eram as pobres das baratas.
_ Chega! Ela gritou, girando o corpo bruscamente e se dirigindo ao meu pai que lia o jornal. Estendeu a mão para ele como sempre fazia quando estava com problemas. Ele apenas assentiu com a cabeça e, pacientemente, tirou as verdinhas do bolso, colocando-as sobre a mesa, de forma bastante grotesca. Mamãe agarrou as notas e saiu de casa batendo a porta.
Voltou à noite trazendo vários estoques de pesticidas e espalhou-as pela casa. Meu pai comentou que seria melhor contratar um detetizador, mas ela nem ligou para o comentário. Foi dormir cedo.
Para a surpresa de todos, no dia seguinte as baratas não tinham morrido. Estavam maiores, bem maiores. Minha mãe também estava lá, parada no meio da sala, irada com o resultado.
_ Malditas baraaaaatas! Gritava enquanto digitava alguns números no celular. Mais tarde vi que recebera uma caixa secreta. Ela virou-se para mim e pro meu pai e nos pediu para sair de casa, por algumas horas. A partir daí, montou uma verdadeira operação de guerra contra as baratas. Sem contato visual, ficamos do lado de fora curiosos para saber o que ela faria para se livrar das pobrezinhas. O silêncio se alternava com pancadas fortes, chutes e gritos estridentes da mamãe. Certamente as baratas deveriam ter voado nela.
Quando finalmente a porta se abriu, entramos correndo para ver o cenário. Para a nossa surpresa não havia mais baratas, mamãe finalmente tinha acabado com todas elas, mas também não havia mais cama, nem estantes, nem guarda-roupas, nem objeto algum dentro de casa. Neste dia, toda a rua conseguiu ouvir a voz de meu pai gritando "MALDITAS BARATAS!"
Lucas da Silva. S Thiago - 8º ano C